sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O CINECLUBE ZUMBIS APRESENTA: “CIDADE DOS SONHOS”



<ENTRADA FRANCA>

  *Após a exibição será feito o debate do filme.
*POR OCASIÃO DO DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE LÉSBICA (29 de Agosto)

Local: Anfiteatro da Unemat.

Data e Horário: 05/09, às 19 horas

Título original: “Mulholland Drive”

Diretor: David Lynch

Produção: 2001

Lançamento: 12 de outubro de 2001 / 16 de maio de 2001 (Festival de Cannes)

País de origem: EUA

Idioma do Áudio: Inglês

Elenco:

Justin Theroux (Adam Kesher)
Naomi Watts (Betty Elms)
Laura Harring (Rita)
Ann Miller (Coco Lenoix)
Dan Hedaya (Vincenzo Castigliane)
Mark Pellegrino (Joe)

Gênero: Drama / Neo-noir / Mistério

Tamanho do arquivo: 700 Mb

Qualidade de vídeo: DVD Rip

CLASSIFICAÇÃO: 12 anos

SINOPSE:

Um acidente automobilístico na estrada Mulholland Drive, em Los Angeles, dá início a uma complexa trama que envolve diversos personagens. Rita (Laura Harring) escapa da colisão, mas perde a memória e sai do local rastejando para se esconder em um edifício residencial que é administrado por Coco (Ann Miller). É nesse mesmo prédio que vai morar Betty (Naomi Watts), uma aspirante a atriz recém-chegada à cidade que conhece Rita e tenta ajudar a nova amiga a descobrir sua identidade. Em outra parte da cidade o cineasta Adam Kesher (Justin Theroux), após ser espancado pelo amante da esposa, é roubado pelos sinistros irmãos Castigliane.

CRÍTICA:

Por que as pessoas preferem condenar o que não entendem? Na época em que Magnólia foi lançado, há cerca de três anos, lembro-me perfeitamente das intermináveis discussões sobre a famosa `chuva de sapos` que ocorria no terceiro ato da trama: enquanto algumas pessoas tentavam ao menos decifrar o significado daquela aparente insanidade, outras simplesmente rotulavam o filme de Paul Thomas Anderson como `bobagem pretensiosa`, negando a impecável lógica e a riqueza de simbolismos de seu roteiro (para ler a análise que escrevi sobre esta produção, clique aqui). Infelizmente, a mesma falta de compreensão vem cercando Cidade dos Sonhos, provavelmente o melhor trabalho da carreira de David Lynch.

Pelo menos, é o que pude perceber quando assisti a este magnífico filme pela segunda vez (a primeira fôra em uma sessão para críticos, que raramente se manifestam durante a projeção): durante os vinte minutos finais da história, quando as coisas começam a ficar um pouco menos claras, boa parte do público começou a rir e a tecer comentários de desaprovação em voz alta – e quando as luzes finalmente se acenderam, até mesmo vaias puderam ser ouvidas (algo que, pelo que me disseram, vem se repetindo em outras sessões).



A pergunta é: por que isso tem acontecido? Cidade dos Sonhos é um filme complexo, sim, mas não incompreensível. Então por que muitas pessoas não têm conseguido perceber a mágica que Lynch realizou desta vez? A resposta é simples: porque não têm paciência. Nos dias de hoje, a maior parte das produções cinematográficas (especialmente quando produzidas por Hollywood) não exige muito do espectador: as tramas são simples e auto-explicativas, excluindo o público da equação final. Não temos que pensar; o filme pensa por nós. E quando algum projeto foge deste padrão (como Magnólia, Clube da Luta ou Cidade dos Sonhos), normalmente é descartado com um aceno de desprezo (não é à toa que os três títulos citados fracassaram nas bilheterias).


Pois bem: escrevi toda esta (imensa) introdução simplesmente para expressar minha frustração com a falta de reconhecimento ao brilhantismo de Cidade dos Sonhos, uma produção extremamente bem realizada e que traz uma protagonista trágica e comovente. Na realidade, poucas vezes senti tamanha afeição (e pena) por determinado personagem – e confesso que fiquei profundamente chateado ao perceber que sua angústia e seu sofrimento foram recebidos com gargalhadas por parte de vários integrantes da platéia. O filme tem seus momentos engraçados, é verdade, mas nenhum deles acontece no terceiro ato da história.

O roteiro, escrito pelo próprio David Lynch, conta a história de Betty, uma aspirante a atriz que chega a Los Angeles com a determinação de se tornar uma estrela de cinema. Sem ter muitos recursos financeiros, ela hospeda-se na casa de sua tia, que está fora da cidade, e tem uma surpresa ao encontrar uma intrusa no local: Rita, uma mulher misteriosa que, depois de sofrer um grave acidente, perdeu a memória. Juntas, as duas garotas tentam descobrir as verdadeiras circunstâncias em que o acidente ocorreu e a origem do dinheiro que Rita traz em sua bolsa (cujo conteúdo também inclui uma estranha chave azul). A história também aborda os problemas enfrentados por um explosivo cineasta depois que este se recusa a escalar, como protagonista de seu novo filme, uma atriz apadrinhada pela máfia.

É claro que, como estamos falando de um trabalho de David Lynch, tudo acaba se revelando mais complexo do que o esperado, já que o cineasta utiliza vários recursos narrativos para contar sua história: flashbacks (que aparecem sem aviso; sonhos; delírios; e até mesmo cenas exibidas fora da ordem cronológica. Além disso, Lynch brinca com a percepção do espectador sobre o que é real ou apenas uma ilusão (tema recorrente no filme) em diversos momentos da projeção: em certa cena, por exemplo, vemos alguém cantando em um estúdio de rádio - que acaba se revelando um cenário construído à frente de uma bela paisagem (que, por sua vez, também se revela apenas um painel localizado em um estúdio cinematográfico). Desta forma, o público é obrigado a reorganizar mentalmente o que vê a fim de compreender exatamente o que está acontecendo.

No entanto, ao contrário do que muitos podem pensar, Cidade dos Sonhos não é um filme chato de se ver: a maior parte da trama se desenrola de maneira `lógica`, funcionando (curiosamente) como um noir moderno. O `problema`, como eu disse anteriormente, reside nos vinte minutos finais da projeção, quando Lynch parece dizer: `Muito bem... Agora vamos ver o que realmente aconteceu!` (a ironia: até que isso aconteça, o público não se dá conta de que há algo a se explicar, já que tudo parece tão óbvio – e a explicação acaba soando mais confusa do que o mistério em si).

Embalado por uma excelente trilha sonora (composta por Angelo Badalamenti, colaborador habitual de David Lynch), Cidade dos Sonhos ainda conta com uma atuação magistral de Naomi Watts, que não apenas merecia ter sido indicada ao Oscar, como deveria ter levado o prêmio. Infelizmente, não posso falar livremente sobre os méritos de sua atuação, já que isso acabaria revelando o `mistério` do filme, mas o fato é que Watts consegue criar uma personagem que desperta nossa compaixão mesmo depois que descobrimos a cruel natureza de alguns de seus atos (e a cena na qual ela realiza um teste para participar de uma produção é fenomenal – principalmente porque, minutos antes, ela havia ensaiado aquele mesmo texto de maneira apenas convencional).

 PREMIAÇÕES:

Recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Diretor.

- Recebeu 4 indicações ao Globo de Ouro, nas seguintes categorias: Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora.

- Ganhou o BAFTA na categoria de Melhor Edição, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Trilha Sonora.

- Recebeu uma indicação ao César, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Ganhou o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes.

- Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.



Curiosidades:

Em um texto especial para o jornal inglês The Guardian, o diretor David Lynch, também autor do roteiro, elaborou dez pistas sobre Cidade dos Sonhos.

Referências:

Dan: Eu só queria vir aqui.

Herb: Vir à Winkie’s?

Dan: “Esta” Winkie’s.

Herb: Certo, e porque “esta” Winkie’s?

Dan: É meio constrangedor.

Herb: Fale.

Dan: Sonhei com este lugar.

Herb: Tenha dó.

Dan: Não disse?

Herb: Tudo bem. Então você sonhou com este lugar. Conte.

Dan: Bem... é o segundo sonho que tive, mas foram iguais. O sonho começa comigo aqui, mas... não é dia nem noite. É meio penumbra, sabe? Mas é igualzinho. A não ser a claridade. É um medo tão grande que não sei explicar. Entre todas as pessoas possíveis, você está ali atrás. Perto do balcão. Você está nos dois sonhos. E sente medo. Sinto mais medo ainda quando vejo que você tem medo... e aí percebo o que é. Tem um homem... atrás deste lugar. É ele quem provoca isso. Consigo vê-lo através da parede. Vejo o rosto dele. Tomara que eu nunca veja aquele rosto na vida real. É só isso.

Herb: Então ... você veio ver se ele está lá.

Dan: Para me livrar desta aflição horrível...

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Duração: 140 minutos

FONTES:

Cinema em Cena:


IMDB:


Livraria Cultura:


Making Off:


Wikipedia, the free encyclopedia:




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